A inteligência artificial (IA) já é uma realidade na medicina, e especialistas preveem um futuro onde ferramentas como o ChatGPT poderão fornecer diagnósticos e sugerir tratamentos. Nos últimos anos, a IA tem sido integrada em diversos processos médicos, trazendo avanços significativos e prometendo transformar a prática médica.
Primeiros Passos e Aplicações Atuais
Nos últimos cinco anos, a IA começou a ser utilizada em várias redes de saúde, inclusive no Brasil. Um exemplo é o uso de algoritmos para analisar radiografias e identificar microfraturas que podem passar despercebidas pelo olho humano. No Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, todos os raios-X são analisados por um algoritmo que auxilia os radiologistas na identificação de fraturas.
IA na Análise de Riscos e Laudos
Outra aplicação da IA é a avaliação do risco de readmissão de pacientes. Algoritmos analisam dados de pacientes e indicam ao médico se é o momento ideal para dar alta, listando possíveis motivos para uma readmissão. Na Dasa, maior rede integrada de saúde do Brasil, foram validados mais de 20 algoritmos que leem laudos e identificam doenças, acelerando processos como a necessidade de biópsias.
Redução de Tempo em Exames
A IA também tem sido utilizada para otimizar exames de ressonância magnética, reduzindo sua duração em até 40%. Isso não só aumenta a capacidade de atendimento, como também diminui o desconforto dos pacientes. Atualmente, essa tecnologia está presente em cerca de 80 máquinas da Dasa.
Pesquisa e Desenvolvimento em Universidades
Nas universidades, o interesse pela IA na medicina é crescente. O Laboratório Malta da PUC-RS, por exemplo, utiliza IA para identificar subtipos da doença de Parkinson, o que pode levar a tratamentos mais específicos e eficazes. O laboratório também desenvolveu uma IA que, a partir de radiografias do tórax, identifica a severidade de problemas respiratórios.
Modelos de Linguagem e o Futuro
Especialistas acreditam que, em 10 anos, tecnologias semelhantes ao ChatGPT, mas focadas na área médica, serão capazes de fornecer diagnósticos e tratamentos com base em diretrizes médicas. Ferramentas como o Med-PaLM da Google, que já estão em testes, mostram o potencial dessa tecnologia. O Med-PaLM 2, por exemplo, obteve 86,5% de acertos em um exame médico nos EUA.
Complemento ao Trabalho Médico
A ideia é que essas ferramentas sirvam como complemento, e não substituam os profissionais de saúde. Médicos devem aprender a trabalhar com a IA para melhorar a qualidade e a rapidez do atendimento. A educação médica precisa incluir o uso ético e crítico dessas tecnologias, preparando os futuros profissionais para essa nova realidade.
Desafios e Regulamentação
Dois grandes desafios para o avanço da IA na medicina são a regulamentação e a ética. A Organização Mundial da Saúde (OMS) destacou a importância de leis e políticas que garantam o uso ético dessas tecnologias. A IA tem o potencial de melhorar os cuidados de saúde, mas é crucial que os riscos associados sejam plenamente considerados.