O 9° Estudo Nacional sobre Canais de Denúncia da América Latina, realizado anualmente pela Aliant, empresa especializada em soluções completas para Ética, Compliance e ESG, revela que o setor da saúde é o que mais denuncia proporcionalmente: quase 17 relatos a cada mil colaboradores, frente a 7,7 de média geral de mercado. A análise geral, que conta com mais de 600 mil relatos analisados, promove um comparativo entre diversos setores do mercado, em busca de semelhanças e desvios que indiquem pontos a serem melhorados em toda a estrutura de um programa de compliance.
As principais categorias das denúncias no segmento de saúde envolveram a tipologia de Relacionamento Interpessoal, com 43,50% das denúncias, seguido do Má intenção/ilícitos com 17,92% e Descumprimento de políticas, normas e procedimentos, com 15,37%.
Outro indicador que apresenta diferença na comparação saúde-mercado é a captação do relato. Enquanto, na pesquisa geral, o site é responsável por 74,05% das denúncias, seguido de atendentes, com 17,78%, na saúde o meio on-line é ainda mais predominante, com 88,80%, e os atendentes ficando com 5,86%.
“Se existe uma preferência setorial pelo relato via web, a construção de páginas amigáveis ao usuário deve estar na pauta das companhias. Um fluxo simples entre o acesso e a conclusão, combinado com materiais acessórios especificando como deve ser realizada a denúncia, tende a diminuir a taxa de desistência e aumentar a qualificação do relato”, instrui Pedro César Sousa Oliveira, consultor sênior de Inteligência Corporativa na Aliant.
Sobre o gênero do denunciante, mulheres representam 73,25% das denúncias na saúde, frente a 26,75% dos homens. Em dados gerais, o gênero feminino representa 50,97% e o masculino 49,03%. Uma possível explicação para essa diferença pode envolver o número absoluto de pessoas do gênero feminino atuando no setor da saúde, consequentemente convertido para o número de denunciantes.
Com base nessa informação, para empresas que desejem desenvolver um ambiente pró-conformidade, Pedro César Oliveira recomenda treinamentos exemplificando o combate aos desvios comportamentais (especialmente assédio moral e sexual), cartilhas sobre como realizar o relato dessas práticas e a adoção de canais de acolhimento, que possuem atendimento humanizado.
Ainda no que se refere à análise setorial da saúde, a predominância pelo anonimato (65,86%) do que pela identificação (34,14%) segue a linha do mercado (63,67% frente a 36,33%). Considerando que em ambos os casos, setor e geral, os líderes são os mais denunciados, pode haver uma desconfiança com os processos internos e medo de retaliação.
“Nestes casos, estratégias de comunicação reforçando a confiança no canal de denúncias, fluxos especiais para o tratamento dos relatos sobre líderes e uma abordagem mais próxima dos colaboradores podem ser recursos para conter essas estimativas”, aponta o consultor.
As relações no segmento da saúde, de acordo com Oliveira, tendem a ter um dinamismo próprio, especialmente considerando hospitais, UTIs e demais centros de urgência. “O Canal de Denúncias, quando integrado a um programa de conformidade, tem como objetivo ser o ponto de contato entre a realidade laboral e a administração da companhia, a fim de apurar se irregularidades afetam o bem-estar de colaboradores e do próprio negócio”, finaliza ele.