Fernando Bruno Crestani, especialista em inovação no setor imobiliário e em modelos de negócio sustentáveis, avalia que a economia da recorrência vem se consolidando como uma alternativa inteligente para transformar a relação dos consumidores com moradia e serviços residenciais. Inspirado por plataformas de streaming, academias e softwares por assinatura, esse modelo de negócios baseia-se em pagamentos periódicos, previsíveis e contínuos, conceito que começa a ser aplicado com sucesso no mercado imobiliário.
O que é economia da recorrência e como ela funciona?
A economia da recorrência consiste na oferta de produtos ou serviços com base em cobranças regulares — normalmente mensais —, em vez de transações pontuais. No setor residencial, isso significa a possibilidade de oferecer não apenas o aluguel, mas também soluções adicionais como limpeza, manutenção, internet, seguros e até mobiliário dentro de uma única assinatura.
De acordo com Fernando Bruno Crestani, esse modelo proporciona conveniência para o morador e previsibilidade para o fornecedor, além de abrir espaço para inovação na forma de consumir moradia. Em vez de adquirir ou contratar individualmente, o consumidor passa a receber uma experiência completa, contínua e personalizada.
Locações por assinatura: uma tendência em crescimento
O aluguel tradicional já dá lugar a modelos mais flexíveis, como as locações por assinatura. Nesse formato, o morador paga um valor mensal fixo que inclui o uso do imóvel e diversos serviços embutidos, como condomínio, IPTU, contas básicas e assistência técnica. Em alguns casos, o contrato é mais simples, digital e com prazos adaptáveis.
Fernando Bruno Crestani ressalta que esse tipo de solução atende especialmente a públicos como estudantes, jovens profissionais, nômades digitais e executivos em mobilidade — perfis que valorizam praticidade, liberdade contratual e a ausência de burocracias. O imóvel deixa de ser apenas um espaço físico e passa a ser parte de uma solução integrada de moradia.
Serviços residenciais recorrentes: mais comodidade e fidelização
Além da locação em si, a economia da recorrência permite monetizar uma gama de serviços residenciais. Plataformas e administradoras podem oferecer pacotes de limpeza semanal, manutenção predial, lavanderia, coworking, academia e até aulas particulares — tudo incluído em planos mensais, com diferentes níveis de acesso e personalização.
Segundo pontua Fernando Bruno Crestani, esse formato amplia a fidelização do morador, gera novas fontes de receita recorrente para os gestores do imóvel e fortalece o vínculo com a marca. Além disso, permite escalar o negócio com mais previsibilidade financeira.

Vantagens para proprietários, administradoras e moradores
O modelo recorrente oferece benefícios claros para todas as partes envolvidas. Para os proprietários, garante maior estabilidade na receita e reduz a vacância. Para administradoras, facilita a gestão financeira e o controle de serviços. Para os moradores, entrega comodidade, previsibilidade de custos e uma experiência mais fluida.
Conforme destaca Fernando Bruno Crestani, essa transformação exige uma nova mentalidade por parte do setor: sair do modelo transacional e adotar uma visão centrada no usuário, capaz de acompanhar suas demandas ao longo do tempo. A moradia passa a ser vista como um serviço completo e dinâmico, não apenas como um bem físico.
Desafios e perspectivas para o futuro
Apesar das vantagens, a aplicação da economia da recorrência no setor residencial ainda enfrenta desafios, como a resistência de parte do mercado, a necessidade de adaptação dos contratos e a regulamentação tributária e jurídica. Outro ponto é a criação de plataformas robustas para gerenciar os planos, pagamentos e atendimento ao cliente.
Mesmo assim, Fernando Bruno Crestani acredita que esse modelo tende a ganhar espaço nos próximos anos, especialmente com o avanço da digitalização e a mudança no comportamento das novas gerações. A tendência é que a moradia por assinatura se torne tão comum quanto o uso de plataformas de entretenimento ou mobilidade.
Moradia como serviço e o futuro da habitação urbana
A economia da recorrência está redefinindo o modo como as pessoas se relacionam com o lugar onde vivem. Mais do que alugar ou comprar, o novo consumidor quer soluções que combinem praticidade, conforto e liberdade. O setor imobiliário, ao adotar esse modelo, se reposiciona para atender uma demanda cada vez mais conectada, exigente e fluida.
Na visão de Fernando Bruno Crestani, o futuro da moradia está na personalização recorrente, na experiência integrada e na capacidade de gerar valor contínuo ao longo do tempo. Incorporadoras, investidores e administradoras que enxergarem essa mudança antes da maioria terão vantagem competitiva real na transformação do mercado.
Autor: Oleg Volkov